SEXTA 11 NOVEMBRO, 21H30

CCVF

Archie Shepp 4tet

CONCERTO CANCELADO

Archie Shepp saxofone

Marion Rampal voz

Pierre-François Blanchard piano

Michel Benita contrabaixo

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⚠️ IMPORTANTE: CANCELAMENTO DO CONCERTO DE ARCHIE SHEPP

Linda May Han Oh Quartet substitui o concerto de Archie Shepp 4tet, que foi cancelado por motivos de saúde do músico.


Quem adquiriu bilhetes para o concerto de Archie Shepp será contactado pelo nosso serviço de Bilheteira e receberá, via e-mail, bilhetes de substituição para o novo concerto.


Quem desejar a devolução do valor do ingresso, poderá solicitar o seu reembolso através da BOL ou do nosso serviço de Bilheteira: e-mail bilheteira@aoficina.pt, telefone 253 424 700.


Disponibilizaremos a todo o tempo informação detalhada sobre este concerto e os respetivos músicos.


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No debate sobre quem será o maior ícone vivo do jazz, um debate nem sempre muito produtivo, vários nomes entram em equação, consoante a afiliação estética ou as preferências individuais dos diferentes arguentes: alguns dirão Herbie Hancock, outros Wayne Shorter, muitos defenderão Anthony Braxton e outros incluirão certamente Archie Shepp, monumental saxofonista considerado um dos precursores do free jazz, neste panteão particular. A justificar a nomeação, apresenta-se o admirável corpo de trabalho de vida deste músico, compositor, ativista político e professor, condensado numa longa e impressiva discografia, criada ao lado de inúmeros músicos notáveis da história do jazz como Elvin Jones, McCoy Tyner, Ed Blackwell ou Lester Bowie, entre muitos outros, discografia que constitui ela própria a prova documental de um artista sempre coerente com os seus princípios e que nunca perdeu a capacidade de transcender a sua linguagem musical e de inscrevê-la poeticamente no tempo contemporâneo.

Nascido em Fort Lauderdale, Florida, em 1937, Archie Shepp cresceu em Filadélfia, cidade onde começou a estudar piano, clarinete e saxofone. Durante o seu período universitário, durante o qual estudou teatro, Shepp começa a formar a consciência política que determinaria uma vida de militância pelos direitos dos afro-americanos e de defesa do seu legado e influência na sociedade dos Estados Unidos da América. É também sensivelmente por essa altura que Shepp conhece e começa a tocar com alguns dos músicos mais radicais do jazz da época, entre eles Lee Morgan e Jimmy Garrison, enveredando assim definitivamente por uma carreira musical. Foi, no entanto, a década de 1960 a fase decisiva de afirmação de Shepp como um dos músicos predominantes das novas tendências de vanguarda que viriam a moldar definitivamente a forma da música. As colaborações com nomes epicentrais do jazz contemporâneo como o pianista Cecil Taylor (considerado unanimemente um dos nomes fundamentais do free jazz), o baterista Max Roach ou os incontornáveis John Coltrane e Don Cherry (com quem Shepp fundou a banda New York Contemporary Five), contribuíram para estabelecer a sua reputação como um artista de propensão revolucionária e interessado em movimentos de disrupção evolutiva na música, características que o saxofonista canalizou também para o seu trabalho como compositor e líder de formação. Ao longo das (várias) décadas que se seguiram, o trabalho artístico de Shepp revelou-se multifacetado e expansivo, sendo ao mesmo tempo conciliado com a militância política e o empenho intelectual enquanto pedagogo e teórico musical. Formalmente, a sua música transbordou fronteiras, enveredando organicamente por uma direção progressivamente afrocêntrica, explícita em álbuns seminais do jazz como “Fire Music” (1965), “The Magic of Ju-Ju” (1968) ou “A Sea of Faces” (1975), e incorporando nela uma dimensão elegíaca da cultura negra, dos blues a Malcolm X, passando pelas múltiplas manifestações da sua específica espiritualidade.


Neste seu regresso, que muito nos honra, ao Guimarães Jazz, palco onde atuou pela primeira vez em 2015 num concerto a todos os títulos memorável, Archie Shepp apresentará o seu novo quarteto, uma invulgar formação de saxofone, piano, contrabaixo e voz, sem bateria. A inclusão de voz está longe de ser uma novidade no repertório de Shepp, que inúmeras vezes usou a leitura de poesia e o canto para sublimar a música – como por exemplo no magnífico Blasé, obra-prima de jazz-blues pan-africano assombrado pelo canto de Jeanne Lee. Neste seu novo projeto, o histórico saxofonista será acompanhado pela vocalista Marion Rampal e por dois músicos da cena jazzística francesa (o jovem pianista Pierre-François Blanchard e o experiente contrabaixista Michel Benita) para um concerto que constituirá sem qualquer dúvida um dos momentos altos da edição de 2022 do festival.