Evento
QUINTA 18 NOVEMBRO, 19H30
Projeto
Sonoscopia / Guimarães Jazz
Henrique Fernandes e Joana Sá
Henrique Fernandes objetos amplificados, cordas, hidrofones e retroprojeções
Joana Sá piano
preparado
Nas
últimas três edições do festival, o Guimarães Jazz abriu uma nova vertente de
conhecimento da música contemporânea dedicada à exploração dos territórios mais
tangenciais ao jazz, nos quais se somatizam os processos e as ideias
originárias dos movimentos mais radicais de abolição entre as fronteiras do som
iniciados por compositores seminais da história da música do século XXI, como
Luigi Russolo, John Cage ou Karlheinz Stockhausen. Assumidamente afiliado nesta
corrente estética disruptiva no qual todos os media disponíveis (som, imagem e
linguagem) concorrem para a criação de discursos sonoros, o coletivo Sonoscopia
propõe em 2021 um duo inédito de instrumentos não-convencionais e piano
preparado formado por Henrique Fernandes e Joana Sá, dois músicos e artistas
que, com discrição e integridade, têm desenvolvido ao longo dos últimos quinze
anos percursos artísticos distintos, embora semelhantes em termos de
originalidade, criatividade e pertinência, nas margens dos formatos
consensualizados pela indústria musical.
Graduado
pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo em contrabaixo, cujos
estudos iniciou ainda na adolescência, e apesar de um início profissional
organizado em torno dos circuitos convencionais da música clássica, Henrique
Fernandes começou desde muito cedo no seu percurso artístico a envolver-se com
a dinâmica da música experimental, improvisada e multidisciplinar que germinou
na cidade do Porto nos anos 2000. Este movimento particular, do qual Fernandes
foi uma figura pivot, congregou muitos outros elementos oriundos de diversos
territórios musicais urbanos (heavy-metal, rock industrial, dub, hip-hop) e
projetou alguns dos mais interessantes projetos e artistas da música
contemporânea portuguesa, como Jonathan Uliel Saldanha, Gustavo Costa ou João
Pais Filipe. Depois desse período de intensa atividade, integrado em projetos
como o coletivo Mécanosphère ou o grupo de jazzcore Lost Gorbachevs, entre
muitos outros, ou em colaboração com alguns dos nomes mais influentes da música
contemporânea europeia (sendo de destacar, entre outros, o antigo vocalista da
banda de krautrock Damo Suzuki e o percussionista Fritz Hauser), Henrique
Fernandes concentrou o seu trabalho na criação de novos instrumentos e de
instalações sonoras. Desde então, as suas criações, a título individual ou no
contexto do coletivo Sonoscopia, da qual é um dos fundadores, têm sido
consistentemente apresentadas, em contextos expositivos ou performáticos, em
Portugal e em vários pontos do mundo.
Pianista, improvisadora e compositora,
Joana Sá desenvolve o seu trabalho primordialmente nas áreas da Música Nova e
da música contemporânea. Autora de um vasto e impactante corpo de trabalho
composicional, que gravou e apresentou nas salas mais reputadas do país e em
vários festivais internacionais, a obra multifacetada desta artista, inclui a
trilogia de solos para piano “À escuta | o aberto (2010-2019)”, de acordo as
palavras da própria, o seu trabalho mais complexo e o tema central da sua tese
de doutoramento, finalizada em 2020. De entre os seus projetos colaborativos
podem destacar-se a sua relação de mais de vinte anos de cumplicidade artística
como guitarrista Luís J Martins em vários grupos de formação variável, além do
duo que mantém com a cantora grega Savina Yannatou e a colaboração com a
artista plástica Rita Sá. Para além da sua obra criativa, caracterizada pela
sua transversalidade, interdisciplinaridade e multidimensionalidade, Joana Sá
mantém uma atividade relevante como investigadora e desenvolve também projetos
de comunidade, acompanhando residências e seminários e promovendo a música como
forma de integração social e de consolidação da memória.