Evento
SÁBADO 13 NOVEMBRO, 19H30
Chris
Lightcap’s SuperBigmouth
Chris Lightcap contrabaixo
Tony Malaby saxofone tenor
Chris Cheek saxofone tenor
Ben Monder guitarra
Curtis Hasselbring guitarra
Brian Marsella teclados
Josh Dion bateria
O baterista Gerald Cleaver, que foi anunciado para o lineup deste concerto, não estará presente devido a dificuldades na sua passagem dos EUA para Portugal. Lamentamos o facto ao qual somos totalmente alheios.
Na música
em geral, e no jazz em particular, a “ponte” como metáfora assume uma
importância central: o músico como intermediário entre um som interior e um som
exterior, o som em si como retransmissor de frequências comuns de experiência
do mundo, e a improvisação como elemento de ligação entre diferentes universos
sonoros. Ao longo do tempo, o trabalho de um determinado intérprete ou criador
acaba sempre por incorporar essa dimensão de conector entre idiomas e gerações.
O contrabaixista e compositor Chris Lightcap tem assumido com notável
competência e inventividade este papel, e a sua banda SuperBigmouth (ela
própria a conexão de duas formações anteriores por ele lideradas) constitui uma
das extensões da postura de diálogo e do esforço de confluência de intenções
artísticas presentes no trabalho musical deste notável músico norte-americano.
Originário
da Pensilvânia e sedeado atualmente em Nova Iorque, Chris Lightcap iniciou o
estudo de contrabaixo aos catorze anos e prosseguiu a sua formação musical em
composição clássica e improvisação, tendo como professores nomes importantes do
jazz e da música contemporânea como Bill Dixon e Alvin Lucier. Ao longo do
tempo e praticamente desde o início, o percurso do contrabaixista foi
intersectando gerações e movimentos do jazz, desde as primeiras colaborações
com nomes históricos do free jazz como Cecil Taylor, Archie Shepp e Sunny
Murray, até as mais recentes contribuições criativas em obras de figuras
emergentes do jazz contemporâneo como a guitarrista Mary Halvorson. Um
instrumentista de enorme elasticidade estilística que lhe permite manter
relações criativas com músicos tão diferentes entre si como Matt Wilson (com
cujo quarteto atuou no Guimarães Jazz em 2016), Regina Carter, Paul Motian ou
Marc Ribot, Chris Lightcap prossegue um trabalho regular de composição para
vários ensembles e em diferentes registos, tanto nos termos do circuito jazzístico
convencional como em contextos mais clássicos e institucionais.
O grupo
SuperBigmouth resulta da ponte entre dois projetos anteriores liderados por
Lightcap – o quinteto Bigmouth por um lado, que editou dois registos
discográficos pela editora portuguesa Clean Feed, e no outro a banda Superette,
uma formação de sonoridade elétrica e cujo álbum de estreia contou com as
participações de Nels Cline e John Medeski. Este octeto é formado por alguns
dos mais influentes e respeitados músicos do jazz contemporâneo (sendo
naturalmente de destacar os saxofonistas Tony Malaby e Chris Cheek, o pianista
Craig Taborn e o baterista Gerald Cleaver) e representa a combinação de duas
vertentes do trabalho de Lightcap – por um lado a desconstrução de matriz rock
praticada pela fação Superette e, pelo outro lado, o groove e a expansividade
melódica de sensibilidade pós-bop da secção de sopros e secção rítmica do grupo
Bigmouth. No Guimarães Jazz, os SuperBigmouth surgirão com um alinhamento de
músicos ligeiramente diferente da formação original – o guitarrista Jonathan
Goldberger é substituído por Ben Monder, o teclista Brian Marsella ocupa o
lugar de Craig Taborn, e na bateria Dan Rieser troca com Josh Dion, mantendo-se
todos os restantes elementos. Porém, nenhuma destas alterações indica um desvio
em relação ao espírito original do projeto, uma vez que se trata de três
intérpretes de alto nível que o festival tem o privilégio de receber – ou, no
caso de Ben Monder, voltar a receber depois do concerto extraordinário que protagonizou
em 2017 com o quarteto de Andrew Cyrille.