Evento
SEXTA 12 NOVEMBRO, 19H30
Miguel
Zenón Quartet
Miguel Zenón saxofone
alto
Luis Perdomo piano
Hans Glawischnig contrabaixo
Henry Cole bateria
Cumprir
um ciclo, longo e exigente, de trinta anos no meio musical e alcançar ao final
desse tempo um estatuto de respeitabilidade, sustentada em princípios de
integridade, coerência e boa-fé aplicados à prática de um ofício artístico como
a música, é muito mais difícil do que geralmente pensamos, quase utópico.
Miguel Zenón, independentemente dos juízos estéticos que façamos sobre o seu
estilo, é um músico respeitável, tal como o é o festival que o volta a receber
depois da sua estreia no já longínquo ano de 1998 com o Ken Schaphorst Ensemble
e de ter protagonizado concertos marcantes em Guimarães, como o da Liberation
Music Orchestra do lendário contrabaixista Charlie Haden em 2016, naquela que
foi uma das noites memoráveis da história do festival.
Nascido
em Porto Rico em 1976, o saxofonista Miguel Zenón tem percorrido ao longo das
três últimas décadas um trajeto extremamente relevante não apenas enquanto
compositor e instrumentista, como também ao nível académico e na qualidade de
ativista cultural que lhe permite ser, hoje, um dos músicos mais respeitados do
circuito jazzístico norte-americano. A comprová-lo, Zenón, além do historial
impressionante de colaborações com um grupo alargado composto por alguns dos
nomes mais destacados da criação musical contemporânea como Kenny Werner,
Danilo Pérez, Kurt Elling ou Steve Coleman, entre muitos outros, apresenta uma
obra discográfica enquanto líder de formação e compositor cujo centro de
gravidade é a harmonização das raízes universalistas do jazz e dos diferentes
ramos de influência exercido pelas sonoridades latinas devedoras do riquíssimo
espólio musical sul-americano. As suas composições foram comissariadas por
instituições norte-americanas de renome internacional como o Guggenheim e o MIT
e, a par da sua atividade artística, Zenón dedica também grande parte do seu
tempo a lecionar em inúmeras universidades em pouco por todo o mundo e lidera
desde 2011 a “Caravana Cultural”, um projeto de investimento cultural em Porto
Rico centrado na divulgação e no conhecimento do jazz.
Todas
estas dimensões de atividade deste músico consistente e competente concorrem,
portanto, para o seu estatuto de respeitabilidade. Ao praticar, e assim
promover, um princípio fundamental de generosidade e reciprocidades na troca de
ideias musicais, Miguel Zenón contribui para a elevação dos patamares de
qualidade musical naqueles que o escutam e que com ele dialogam.
Simultaneamente formal e sensual, e pontuada esporadicamente por um certo
conceptualismo composicional que lhe acrescenta camadas de profundidade, a
música deste saxofonista porto-riquenho será, no Guimarães Jazz 2021,
enriquecida por três instrumentistas de técnica meticulosa e enorme
sensibilidade melódica. O pianista venezuelano Luis Perdomo, o contrabaixista austríaco Hans
Glawischnig e o baterista norte-americano Henry Cole, complementados pela
liderança de Zenón, compõem um quarteto eclético de diferentes identidades
musicais que se encontram para servir uma música concentrada no aperfeiçoamento
de tradições musicais, harmonizadas em pressupostos universalizantes de livre
navegação pelo som.