Evento
QUINTA 16 NOVEMBRO - 21H30
Jan Garbarek, saxofone
Trilok Gurtu, bateria e percussão
Rainer Brüninghaus, teclados, piano
Yuri Daniel, baixo elétrico
17,50 eur / 15,00 eur c/d
A edição do Guimarães Jazz 2017 testemunhará o regresso do saxofonista norueguês Jan Garbarek (n. 1947, Noruega), considerado um dos mais distintivos representantes do chamado “som ECM”, relativo à prestigiada editora com o mesmo nome. Com uma longa carreira de quase cinquenta anos, não apenas no jazz mas também no campo da música clássica e da world music, Garbarek é hoje consensualmente reconhecido como um nome incontornável da música contemporânea, enquanto compositor e como membro de formações marcantes das últimas décadas, ao lado de eminentes figuras do jazz como Keith Jarrett, Ralph Towner, John Abercrombie, Kenny Wheeler ou Charlie Haden, entre outros.
Inicialmente vinculado a correntes estéticas mais próximas do free jazz e da música experimental, vias inauguradas por saxofonistas revolucionários como Albert Ayler e Peter Brötzmann, Garbarek rapidamente evoluiu para um estilo pessoal marcado pela espacialização do som, pela utilização do silêncio enquanto elemento musical e para a exploração de possibilidades melódicas dentro da tonalidade, afastando-se assim definitivamente da matriz da dissonância e da desconstrução. A identidade pessoal do saxofonista permitiu-lhe atingir rapidamente um patamar de visibilidade dentro do circuito do jazz, que lhe valeu, por um lado, editar o seu primeiro registo discográfico pela ECM (Afric Pepperbird, de 1970) e ser convidado para integrar o European Quartet de Keith Jarrett, bem como para colaborar com o mesmo pianista noutros projetos, nomeadamente no célebre álbum a solo de Jarrett, Luminessence. Durante as décadas de setenta e oitenta do século passado, Garbarek prosseguiu uma intensa atividade enquanto líder e em projetos em associação com importantes músicos de jazz como Eberhard Weber, Terje Rypdal, Bill Frisell e Ralph Towner, ao mesmo tempo que manteve colaborações com um eclético conjunto de influentes figuras da música contemporânea, dentro e fora do jazz, tais como Egberto Gismonti, Gary Peacock e Naná Vasconcelos.
A aproximação aos territórios da world music, motivada pela ambição do saxofonista de expansão dos horizontes da sua música, tornou-se progressivamente mais profunda com o passar do tempo, tendo dado a origem a relações de cumplicidade artística com diversos músicos não-ocidentais, praticantes de uma música firmemente ancorada nas raízes da sua tradição cultural e musical. É esse o caso deste quarteto que apresentamos no Guimarães Jazz, o qual inclui, para além do próprio Garbarek e alguns dos seus habituais colaboradores, nomeadamente o contrabaixista Yuri Daniel (músico com uma conhecida ligação a Portugal), o teclista Rainer Brüninghaus e o virtuoso percussionista indiano Trilok Gurtu. Instrumentista de notáveis recursos técnicos, Gurtu colaborou ao longo dos anos com uma lista impressionante de nomes incontornáveis do jazz, como Don Cherry, Joe Zawinul, Dave Holland, Pharoah Sanders ou John McLaughlin, bem como de outras latitudes musicais, como o rock, a pop, a música eletrónica e a world music, entre os quais Youssou N’Dour, Salif Keita, Cesária Évora, Bill Laswell, Gilberto Gil, entre muitos outros.
A sensibilidade musical de Jan Garbarek, centrada numa abordagem textural e abstratizante do jazz, encontra neste quarteto um ponto de confluência de linguagens capaz de criar uma música evocativa e expansiva, desenvolvida a partir de um diálogo aberto e sem fronteiras entre sons e idiomas culturais, e que constituirá, sem dúvida, um dos pontos altos desta edição do Guimarães Jazz.